MELHORES LEITURAS DE 2014



       
         O ano de 2014 foi o ano de viragem na minha vida de “livrólica” assumida. Foi em julho, mais propriamente no dia 24, que concretizei um dos meus maiores sonhos – partilhar as minhas leituras no tão ansiado e planeado blogue “O sabor dos meus livros”.
        2014 foi também o ano das releituras. Reli obras dos mais variados autores. Reli obras juvenis e menos juvenis. Retirei da estante histórias que voltaram a encantar-me, que despertaram sensações e sentimentos e que comprovaram que ler de novo algumas histórias pode ser tão bom ou melhor do que lê-las pela primeira vez, já que regozijamo-nos, sofremos ou enternecemo-nos com aquelas passagens ou personagens que nos marcaram de forma especial e compreendemos melhor determinados pormenores que nos escaparam aquando do primeiro contacto com a obra.
        Por fim, 2014 foi o ano de leituras maravilhosas. As que elegi como as melhores, como aquelas que me arrebataram intensamente e que ficarão comigo. Para sempre.
        Ei-las, as leituras que volto a recomendar, sem qualquer reserva.

(Clicando no nome da obra, poderá aceder-se à opinião/crítica completa)

        A rapariga que roubava livros, de Markus Zusak

        À partida, A rapariga que roubava livros oferecia todos os ingredientes para prender a minha atenção - o título (como é que uma livrólica como eu poderia resistir-lhe?...); a ação passada na 2a Guerra Mundial; a alusão ao campo de concentração de Dachau (o único que já visitei até hoje e que me tocou de uma forma penosamente triste); o narrador, ou melhor, a narradora - morte (que me levou a recordar, uma vez mais, o meu Saramago e as suas Intermitências da Morte)  e o amor aos livros, sim, o amor aos livros que faz com que a minha vida tenha um sabor tão mais docinho :)
E as expetativas que esses ingredientes criaram foram amplamente suplantadas - Markus Zuzak escreveu uma obra que nos toca!
        NOTA – 10/10

Las tres bodas de Manolita, de Almudena Grandes

        O terceiro volume da saga Episodios de una Guerra Interminable. O melhor dos três, na minha opinião. Almudena Grandes presenteia-nos (com a genialidade a que já me/nos habituou) uma história que nos transporta aos anos do pós-guerra, durante os quais seguiremos as vidas de várias personagens (sobretudo Manolita e seus familiares) que tentam sobreviver da melhor maneira possível, lutando contra a fome, a falta de condições de vida e contra um regime franquista que espalha os seus poderosíssimos tentáculos por todas as partes, destruindo de uma forma lenta, mas inexorável, as já devastadas vidas das famílias que apoiaram a República.
        Obra simplesmente FANTÁSTICA!
        NOTA – 10/10


        Meu pé de laranja lima, de José Mauro Vasconcelos

        Esta obra tem que ser lida por todos. É um hino à amizade, à doçura, traquinice, inocência e imaginação infantil (e não só…), enternece-nos até às lágrimas e ficará para sempre comigo. Para sempre. Zezé tem esse poder. Conquista-nos. Irremediavelmente.
        Volto a agradecer à “minha” Betinha por me ter recomendado esta obra. Mil vezes obrigada, querida J
        NOTA – 10/10


        Os peixes da amargura, de Fernando Aramburu
Não sou grande admiradora de contos. Penso sempre que são como dar um docinho a uma criança e tirá-lo a meio, quando se está a lamber a boca, a saborear a doçura e já a salivar de prazer J Mas tenho que confessar que todos os contos de Os Peixes da Amargura conseguiram, apesar do seu título “amargo”, deixar-me um sabor pleno e muito aprazível na alma. Porque transmitem-nos emoções, convidam-nos a entrar na vida quotidiana da gente basca, de homens e mulheres que conviveram e convivem de perto com a luta fratricida por um objetivo, pelo nacionalismo e independência de uma região que se sente sufocada pelo poder central.
Obra recomendadíssima! Gracias, Nancy, pela dica preciosa J


Nãote movas/Não te mexas, de Margaret Mazzantini

        Não te movas é uma obra lindíssima e que merece ser lida por todos aqueles que se pelam, que anseiam por uma história que os abane, que os toque no que têm de mais íntimo e os faça não querer largar o livro mesmo quando leem a sua última frase. É esse o poder que as obras desta magnífica escritora têm e que me faz lê-las, relê-las e esperar ansiosamente por novas obras!
        NOTA – 10/10


        Coração tão branco, de Javier Marías

Este é o segundo livro de Javier Marías que leio e cada vez estou mais empolgada com este escritor castelhano!!! Tal como Os EnamoramentosCoração tão Branco é um livro que nos prende a atenção desde o seu início – a tragédia que ocorre no seio da família do protagonista ainda este não era nascido possui todos os ingredientes para cativar-nos, para deixar-nos em polvorosa porque queremos saber o que esteve por detrás do suicídio de alguém recém-casado e supostamente feliz. Contudo, tenho que confessar que, por muito intrigante e emocionante que seja o início da obra, o que mais me arrebatou foi o que caracteriza o estilo deste fantástico autor, a estrutura complexa da obra, com um desfiar, do princípio ao fim, dos pensamentos do narrador sobre variadíssimos assuntos – casamento, relações humanas, segredos, suspeitas, o poder das palavras.
NOTA – 09/10



Mar de mañana, de Margaret Mazzantini

Li algures que Mazzantini vomita lirismo e não podia estar mais de acordo. Esta autora italiana é, sem dúvida alguma, uma das minhas favoritas e nunca consigo resistir a ler e a reler as suas obras. A prova do QUANTO eu sou viciada no que edita (e sou mesmo, mas mesmo viciada) é que já reli as três obras dela que moram na minha estante.
Sinto-me realmente presa ao estilo de Mazzantini, ao quanto as suas histórias nos transmitem de lirismo, beleza, imagens densamente carregadas de sentimentos, sensações e da complexidade do que nos define como seres humanos.
NOTA – 09/10



Jerusalém, de Mia Couto

Com a leitura de Jerusalém, entrei no mundo de Mia Couto e dele já não saio mais!!!
É a história de quatro homens (um pai, dois filhos e um capataz), que se refugiam numa antiga coutada de caça, em fuga da cidade e de um passado demasiado presente. É ainda e sobretudo a história de Mwanito, o filho mais novo e narrador da obra, que apenas conhece o mundo de Jerusalém e que nada sabe do que se passa no mundo do “lado de lá” e que sofre por nunca ter conhecido a mãe. São dele as palavras que me conquistaram, logo no início da narrativa – “A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas.” (pág. 13)

NOTA – 09/10

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