Se eu ficar, de Gayle Forman


Ficha técnica
Título – Se eu ficar
Autora – Gayle Forman
Editora – Editorial Presença
Coleção – Noites claras
Páginas – 215
Datas de leitura – de 11 a 14 de março de 2016


Opinião
A leitura do último livro de Elena Ferrante que me passou pelas mãos deixou-me exaurida – a genialidade desta autora tem esse efeito nos seus leitores. Como tal, nada melhor do que regressar a um género literário mais levezinho, que me oferecesse a papinha toda feita e me possibilitasse seguir na companhia dos meus livrinhos em época de final de período e refazer-me do choque e do desgaste motivados pelas três histórias que compõem Crónicas do mal de amor.
Aproveitei uma ida à biblioteca da terrinha para sair de lá acompanhada de duas obras de literatura mais juvenil, da autora Gayle Forman. Se eu ficar é o romance que nos abre as portas à história de Mia Hall, uma adolescente que, num dia como outro qualquer, numa viagem a caminho de casa dos avós, vê a sua vida estilhaçar-se num acidente que a deixa órfã de mãe, pai e irmão mais novo.
Enquanto luta pela sua vida ou contra o desejo de pedir ao seu corpo que desista dessa luta e a deixe voltar para os braços da família que ainda há poucas horas viajava a seu lado na carrinha do pai, Mia (ou o seu espírito) é catapultada para fora do seu corpo e, ao mesmo tempo que assiste aos esforços de médicos e enfermeiros que tentam remendar e voltar a pôr a funcionar todas as partes do seu corpo maltratado, vai refletindo sobre os seus dias até então, vai-nos deixando entrar devagarinho naquilo que preenchia a sua rotina, vai-nos apresentando os seus entes queridos e vai-nos fazendo compreender o quanto a música e o seu violoncelo enchem de melodia as suas horas e as fazem ter um sabor só seu.
Apresenta-nos ainda Adam, o seu namorado, por quem se apaixonou quando nada nem ela mesmo vislumbraria dizer-lhe “olá”, quanto mais iniciar uma relação com um dos rapazes mais populares do liceu, amante da música rock e da sua guitarra.
Nas vinte e quatro horas que se seguem ao trágico acidente de que foi vítima, o espírito, a alma ou a essência de Mia percorre os corredores do hospital em que está internada, senta-se ao lado dos seus familiares que não saem do seu lado, segue as suas deambulações e assiste aos mirabolantes esquemas que o seu namorado põe em prática para poder vê-la. Enquanto o faz, vai conseguindo protelar a decisão que sabe que tem de tomar – fica ou deixa-se ir.
Todos que me conhecem sabem que não faz muito o meu género nem uma historiazinha lamechas nem uma com pinceladas de etéreo, de fantasmagórico ou experiências pouco credíveis para alguém que, como eu, “tem que ver para crer”. Contudo, embarquei nesta leitura ciente desses ingredientes e tenho que admitir que a lamechice pontua a obra de forma despretensiosa, que não somos bombardeados com passagens que puxam pela lágrima fácil e que, para quem já está habituado a ver episódios de séries de hospitais onde sempre há um doente que passa pelo que passou Mia, torna-se quase banal acompanhar o espírito de um paciente às portas da morte.
Por tudo isto e porque a escrita é realmente acessível e, como referi, despretensiosa, a obra “papa-se” num ápice. Tenho consciência de que não ficará por muito tempo na memória, mas cumpriu aquilo que lhe pedi – permitiu-me não parar de ler numa época onde me afundo em testes, grelhas de excel e avaliações e desligar de leituras muito mais exigentes e desgastantes.
Como o sufoco ainda não terminou, como ainda estou afogada em correções a caneta vermelha e em números que povoam grelhas de excel, o plano é seguir, é continuar a acompanhar a Mia na obra Espera por mim.

Deixo-vos o trailer da adaptação da obra ao cinema:


NOTA – 07/10

Sinopse

Naquela manhã de Fevereiro, quando Mia, uma adolescente de dezassete anos, acorda, as suas preocupações giram à volta de decisões normais para uma rapariga da sua idade. É então que ela e a família resolvem ir dar um passeio de carro depois do pequeno-almoço e, numa questão de segundos, um grave acidente rouba-lhe todas as escolhas. Nas vinte e quatro horas que se seguem, Mia, em estado de coma, relembra a sua vida, pesa o que é verdadeiramente importante e, confrontada com o que faz com que valha mesmo a pena viver, tem de tomar a decisão mais difícil de todas.

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