Mulherzinhas, de Louise May Alcott

Quinta-feira, 21 de maio de 2015





Opinião
No dia em que a minha querida mamã completa 60 primaveras encerro a leitura de um livrinho intemporal, que agrada tanto a miúdos/miúdas como a graúdos/graúdas e que nos ensina o quanto o amor de uma mãe, de um pai, de uma irmã ou de um irmão são o alimento fundamental para uma vida sorridente e docinha.
Com certeza que a história da família March não é desconhecida para muitos e muitos leitores, pois é um clássico da literatura juvenil e já foi adaptada várias vezes para o pequeno e grande ecrã. Contudo, é uma daquelas histórias das quais nunca nos cansamos, pois a sua simplicidade, baseada no quotidiano de quatro irmãs que se veem a viver momentos menos afortunados e separadas do seu pai (a combater uma guerra que suponho ser a Guerra Civil americana ou então uma das muitas que os Estados Unidos travaram contra o México), é simplesmente arrebatadora.
Durante a ausência do Sr. March, Meg, Jo, Beth e Amy repartem os seus dias tratando de pequenas tarefas domésticas (no caso das irmãs mais velhas, Meg e Jo, já ganham inclusive algum dinheiro trabalhando uma como “babysitter” e outra como dama de companhia) e aproveitando o tempo livre para darem asas aos seus talentos e para usufruírem da sua infância e juventude com atividades onde não faltam gargalhadas, segredos trocados, imaginação à solta e muitos e muitos sonhos.
Convivendo assiduamente com elas, há um leque de personagens secundárias mas não menos importantes, como os vizinhos Lawrence (avô e neto) e o precetor deste, Mr. Brooks. Laurie Lawrence torna-se o amigo inseparável de Jo. O velho Sr. Lawrence desenvolve uma amizade adorável com Beth e o Sr. Brooks conseguirá arrebatar o coração da irmã March mais velha.
Desvendada quase toda a história (e só o faço, porque tenho noção de que nada do que disse será novidade para ninguém), importa referir que, sem dúvida alguma, a minha personagem favorita é a de Jo, porque identifico-me completamente com ela. É a mais “arrapazada” de todas as irmãs, aproveita qualquer oportunidade para falar calão, para assobiar como um rapaz e para correr desalmadamente, pela rua ou pelos campos fora, agarrando o vestido e desembaraçando as pernas desses tecidos inúteis e que, mais que nada, estorvam. Para além disso, como poderia sentir-me indiferente face à sua paixão pelos livros, pela leitura e pela escrita? Impossível. A par de Jo, a doçura e o altruísmo de Beth, bem como a ternurenta ligação que desenvolve com o áspero Sr. Lawrence (como se de uma relação de neta e de avô se tratasse) tocaram-me de uma forma especial.
Não posso terminar esta opinião sem fazer menção ao estilo da escritora. É certo que estamos a falar de um clássico do século XIX, de uma obra escrita predominantemente para o público feminino, mas tudo isso esquecemos perante uma narrativa repleta de momentos de dor, sofrimento, angústia e ao mesmo tempo de alegria, companheirismo, travessuras, solidariedade e de muita cumplicidade e amor fraternal. As personagens estão muito bem construídas e são realistas, porque todas elas não são perfeitas, são donas de muitas qualidades mas também de alguns defeitos (inclusive a Sra. March tem o seu mau-génio, que vem combatendo há muitos anos) e vão aprendendo com os erros a moldar o seu carácter. E, por fim, tenho que fazer sobressair o meu lado feminista e louvar o facto de, nesta obra, estas mulheres do século XIX conseguirem mostrar que era possível uma casa viver sem o suporte masculino. Estas mulherzinhas disso são capazes, porque têm personalidade, são fortes, espertas e encantadoras. Parecem frágeis, mas escondem garra, ainda mais quando se apoiam umas nas outras e se ajudam.
É então por tudo isto que acho que vale a pena ler e/ou reler esta “pérola” dos clássicos americanos!
Por último, deixo aqui o “trailer” de uma das muitas adaptações desta obra ao cinema, embora esta seja uma mistura da obra Mulherzinhas e da sua sequela “Good Wives”.


NOTA – 09/10

Sinopse
As irmãs Meg, Jo, Beth e Amy conhecem algumas dificuldades depois da partida do seu pai para a guerra e dos problemas económicos que a família enfrenta. Mas o espírito lutador e de união que reinam naquele lar ajudam-nas a seguir em frente.
Quer em casa quer nas relações com os amigos e vizinhos, elas conseguem surpreender e continuar e ser fiéis aos seus sonhos, vivendo cada dia com esperança e boa-disposição.

Uma história em que o amor e a coragem se revelam mais fortes do que todas as dificuldades que estas quatro raparigas, juntamente com a sua mãe, têm de enfrentar.

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