O miúdo que pregava pregos numa tábua, de Manuel Alegre

Segunda, 08 de julho de 2013





Sinopse
Entretanto o miúdo cresceu, quer seja o que pregava pregos muito direitos numa tábua, quer o que engoliu os comprimidos do avô, quer o que se rebelou contra a humilhação das mangas curtas, quer os outros todos ou eu próprio, que não sei se fui cada um deles menos um, este que conta e tem tendência ora a efabular ora a querer ser tão verdadeiro que põe em dúvida o que de facto foi e até de si mesmo suspeita. Seja ele quem for, o certo é que o miúdo cresceu. E agora está aqui (mas ainda será ele?) a ver se consegue escrever um livro, sem saber o quê nem como. Pois que outro livro pode escrever-se? Vida de tantas vidas na tão curta vida.

Opinião
Li num ápice este livrinho de Manuel Alegre que me encantou – o estilo efabulatório, a simplicidade e o permitir-me saber um pouco mais da vida do autor, já que o livro tem todos os rasgos de uma autobiografia.

Transcrevo algumas passagens que sublinhei:
À noite, no cinema, é ele que passa a mão pela mão de Ela. Os dedos entrelaçam-se, Ela faz-lhe uma festa na cara. Apetece ficar assim para sempre, mas o miúdo que gosta de caçar narcejas ainda não sabe que não há outra eternidade senão esse instante a escorregar-lhe por entre os dedos.” (pág. 57)

Mas ainda falta acrescentar que o miúdo que tocava piano sobre a mesa viu Miguel Torga no hospital segurando o caderno e a caneta como quem, no campo de batalha, ferido de morte, não larga as suas armas. Eram já poucas as forças, mas a mão mantinha-se firme na caneta e no caderno. Não queria ser apanhado desprevenido (ou desarmado) se uma vez mais lhe aparecesse aquele primeiro verso, que sempre nos é dado, como costumava dizer.” (pág. 85)

O miúdo aperta a mão do pai, dá-lhe um beijo na testa e sente a terra ferida a respirar pela boca dele.” (pág. 106)

Estou aqui a esconder-me e a mostrar-me, como o neto no armário e o outro atrás da porta. O melhor é contar até vinte enquanto eles correm a esconder-se, ansiosos por serem descobertos. Como eu.” (pág. 111)


Ummm, fiquei com aquela vontade de ler mais Manuel Alegre, mais propriamente de reler Cão como nós!...

Extremamente alto e incrivelmente perto, de Jonathan Safran Foer

Segunda, 01 de julho de 2013




Sinopse
Oskar Schell tem nove anos e é inventor, francófilo, tocador de tamborim, ator shakesperiano, joalheiro, pacifista. Além disso, está a empreender uma busca urgente e secreta através das cinco zonas de Nova Iorque a fim de encontrar a fechadura onde entra uma chave misteriosa que pertencera ao pai, morto no atentado contra o World Trade Center. Oskar, uma inspirada criação do autor, é encantador, exasperante e inesquecível.

Opinião
Estaria a mentir se afirmasse que comprei este livro baseando-me apenas na sua sinopse. O que realmente determinou a sua compra foi a capa que faz alusão ao filme protagonizado por bons atores, o trailer desse mesmo filme e sobretudo o momento em que desfolhei o livro pela primeira vez e constatei que, para além de estar “povoado” de fotos, apresenta uma mancha gráfica muito diferente do que é habitual – páginas repletas de texto, outras quase em branco, palavras ou parte delas rodeadas a vermelho, caixas de texto que se assemelham a cartões que vendedores, empresários, etc. trazem sempre consigo com os seus dados pessoais… e no final um grupo de fotografias quase iguais que retrata a queda de uma pessoa que se atirou de uma das torres do World Trade Center no fatídico dia do ataque. Esse grupo de fotos tem a particularidade de, se passarmos as fotos rapidamente (como em banda desenhada, para vermos a personagem a mexer-se), vermos a queda ao contrário, ou seja, na última foto a pessoa deixa de cair, parece que não se atirou, que tudo não passou de uma ilusão, de um pesadelo, enfim…
Considerando agora a história de Extremamente alto, incrivelmente perto, esta narra as comoventes peripécias de Oskar Schell, que está a passar por um período de grande dor e sofrimento, pois perdeu o pai no atentado às torres gémeas. Tenta preencher esse vazio e uma óbvia confusão de sentimentos com invenções estrambólicas, cartas para cientistas e estudiosos e outros passatempos pouco típicos de um miúdo de nove anos. A sua vida sofre, contudo, uma mudança quando descobre num vaso um misterioso envelope com uma chave e um nome – Black. A partir daí, inicia uma cruzada para encontrar o tal Black e a fechadura para a chave, já que pensa que, se os encontrar, irá descobrir algo que o pai lhe queria dizer antes de morrer.
Para além de Oskar, o livro possui outros dois narradores – os seus avós paternos – que contam a sua história, marcada por muita tristeza.
Esta obra é assim muito complexa e ao mesmo tempo mexe com as nossas emoções – sofri bastante com a dor de Oskar e com tudo o que ele faz para saber mais sobre o pai, para conseguir conviver com uma perda insuperável.

É uma leitura que recomendo!

Daqui a nada, de Rodrigo Guedes Carvalho

Sábado, 20 de setembro de 2014



RELEITURA

Sinopse
Romance de maturidade invulgar na apreciação de uma época, de uma geração e de uma mentalidade.
Críticas de imprensa
«O autor demonstra uma maturidade invulgar na apreciação de uma época, de uma geração e uma mentalidade não diretamente vividas por ele próprio mas que, com a devida distância, consegue descrever de forma exemplar […] A escrita de Daqui a Nada é vigorosa sem ser agressiva, sensível sem ser lamechas, inteligente sem ser prepotente. Este livro é essencialmente um ajuste de contas com a História.» - Helena Vasconcelos, in Público
«O uso de técnicas variadas, a linguagem viva e coloquial, por vezes lírica, sempre que o espelho deforma ou transfigura a imagem, o cruzamento de reflexos entre o passado e o presente, o interesse que o leitor sente pelo desenvolvimento da história […] O livro lê-se num fôlego, é pequeno, intenso e muito bem construído.» - Maria Estela Guedes, in Diário de Notícias

Opinião
Mais uma releitura. E desta vez de um autor que me é muito chegado ao coração. Tenho todos os livros que Rodrigo Guedes de Carvalho editou até ao momento e tenho pena que a sua carreira de escritor tenha caído num impasse sem data para voltar a dar frutos…
Quando pensei em reler um dos seus livros não consegui pôr de lado a minha “mania” de reger as leituras pela cronologia e, como tal, era inevitável que retirasse da estante Daqui a Nada, o romance que Rodrigo Guedes de Carvalho escreveu com apenas 20 anos, o seu primeiro romance.
Li este romance há 6 anos atrás e confesso que já recordava muito pouco… Contudo, à medida que a releitura avançava, as recordações foram surgindo, sem que, no entanto, prejudicassem de nenhuma forma esta minha segunda leitura J
Se quisesse, em poucas palavras, descrever Daqui a Nada ocorrer-me-iam vocábulos como melancolia, desamparo, solidão, incompreensão, frustração e sonhos e projetos falhados. Todas as personagens com quem vamos cruzando ao longo da narrativa não conseguiram ter a vida com que sonharam e presentemente sobrevivem, demonstrando não ser donos de si mesmos e muito menos dos dias que discorrem e do que maquinalmente vão fazendo. Pedro pode ser considerado a personagem principal e é o espelho disso mesmo. Homem que já passou dos 40 anos, médico de profissão, está separado da mulher desde que regressou da Guerra Colonial. Também não tem nenhum contacto com a filha e mantém um relacionamento tumultuoso com uma jovem com metade da sua idade. É com ele como narrador que a obra se inicia e de imediato compreendemos (ao sermos os “destinatários” dos seus pensamentos mais íntimos) que a sua existência atual é no mínimo infeliz e desastrada. Nada é realizado com ânimo, tudo serve para que se confronte com os seus falhanços e recorde. Recorde um passado caracterizado por uma relação fria com um pai que idolatrava, por um casamento precoce, para o qual não estava preparado (apesar de haver amor) e, sobretudo, por uma experiência aterradora nos tempos que passou em Angola a lutar por uma guerra que nada lhe dizia.
No final do livro, encontramos uma nota escrita pelo autor em que este nos informa de que Daqui a Nada foi o primeiro livro que escreveu e que no mesmo se deparou “com inúmeras «imperfeições» (…) Há malabarismos em que já não me revejo, excessos metafóricos que já não me parecem necessários.” Não posso deixar de concordar, pois em algumas passagens há demasiados floreados, excessos realmente. Mas há também um estilo que “nasce”, uma linguagem e técnicas que encontraremos mais refinadas nos romances posteriores. E há, incontornavelmente, uma influência de António Lobo Antunes (a quem Rodrigo Guedes de Carvalho dedica esta obra), de um Lobo Antunes que tão bem conheço e admiro de obras como O manual dos inquisidores, Memória de Elefante ou mesmo Explicação dos Pássaros – as personagens que vão sendo os vários narradores da obra, a omnipresença da Guerra Colonial e das suas trágicas consequências e o tom melancólico e de desamparo que percorre todas as obras citadas.
Para rematar, tenho que referir que é verdade que sempre me atraíram as personagens misteriosas, rebeldes ou então aquelas que se mostram sofredoras, desanimadas, frustradas ou resignadas com a sua existência, mas não foi apenas essa “atração” que me fez gostar tanto de voltar a ler Daqui a Nada. Foi por Pedro, Marta, Rita e outros encaixarem nesse perfil e por tudo o que define a escrita do autor, que nos faz ver as palavras do texto, a estrutura das frases, a pontuação como elementos que obedecem ao discorrer do pensamento, por vezes ordenado, por vezes caótico. E… tinha que dizê-lo… porque a ação decorre na minha querida Cidade “Inbicta” J!
Vale a pena conhecer a “biblioteca” de Rodrigo Guedes de Carvalho!
Alguns excertos da obra:
"... de maneira que suprimias essa falta pegando-me de vez em quando na mão, em silêncio, quando julgavas que eu já tinha adormecido em frente ao televisor. Foi então que te comecei a preparar um pequeno truque, fechava os olhos, forçava a respiração, e ficava à espera que te sentasses ao pé de mim. Não me agarravas logo a mão, pelo que deduzo que devias ficar um montão de tempo a ver-me dormir, se calhar olhavas-me e pensavas que se eu tivesse acordada terias muita coisa para me dizer. Mas eu dormia profundamente e a tua coragem tinha o álibi da oportunidade, Amanhã digo-lhe, amanhã conto-lhe o que me move e emociona, devias pensar, sabendo que mentias, pegavas-me então na mão pequenina e esperavas aquela compreensão feita de pele que te habituaste a ter como única e suficiente." (pág. 96)
A solidão, dou comigo a pensar, não é ruminar ideias desconexas no vazio de uma casa ou à solta num jardim, a solidão é um casal que janta em silêncio, não por falta de assunto, não por o amor ter acabado, mas por medo, por receio de que as palavras não possam ser outras que não, E agora?, E agora como é que se faz?" (pág. 108)

Días de Nevada, de Bernardo Atxaga

Sábado, 13 de setembro de 2014




Sinopse
«También yo quería entrar en el mundo real, y por un momento lo logré. Los dos caballos salvajes que estaban frente al Chevrolet Avalanche se pusieron a girar como en un carrusel, y con ellos el de Cornélie, el caballo negro de Franquito y otros caballos que formaban parte de mi pasado. Pensé —solo por un momento, ya lo he dicho— que aquella era la imagen de mi vida, y que me sería fácil poner junto a los caballos, o en su lugar, criaturas humanas: la mujer que leía el Reader’s Digest, el hombre que en el hospital se sentía enjaulado como un mono, José Francisco, Didi, Adrián, L., yo mismo, Ángela, Izaskun, Sara... Una vuelta, dos vueltas, tres, cuatro, y así hasta que el carrusel se parase. Pero ¿dónde estaba el centro? ¿Dónde el eje en torno al cual giraba todo?»
Esta es la historia de un escritor que viaja a Nevada, Estados Unidos, entre agosto de 2007 y junio de 2008, pero es también mucho más. Es un relato en el que lo vivido, el instante real, se mezcla con recuerdos, imágenes, sueños y evocaciones. En el que el paisaje árido y hostil del desierto y el horizonte verde, rojo y fucsia de los casinos de la ciudad de Reno, con su trama de luces brillantes y acristaladas, conducen una y otra vez al narrador —y al lector— a ese otro paisaje más íntimo, más personal del País Vasco.
Días de Nevada es una historia hecha de historias, a modo de caja china, que nos muestra cómo cada experiencia que vivimos, cada vínculo creado entre las personas más allá de las distancias temporales y espaciales, cada emoción que nos impacta, cada amenaza que combatimos permanece indeleble. Y nos convierte en lo que somos.

Opinião
Tenho seguido assiduamente a página online da editora Alfaguara espanhola e foi através dessas visitas assíduas que descobri o autor Bernard Atxaga e apontei no meu caderninho um livro seu cuja sinopse me despertou o interesse - El hijo del acordeonista.
Ora, na última vez que fui a Espanha (já lá vão uns meses... demasiados...), mais propriamente a Ávila, não resisti (como sempre) a entrar numa livraria e a gastar uns euritos naquilo que me faz uma mulher mais feliz - me regalé dos libros J! E um deles não foi El Hijo del acordeonista, mas Días de Nevada, também do autor basco. Comprei-o num impulso, não só porque estava na hora de conhecer este prometedor autor mas também porque a sinopse me agarrou.
Tal como a referida sinopse nos conta, o livro relata uma temporada que o autor passou em Nevada e está escrito como se fosse um diário ou então um registo de apontamentos de um viajante. Nesses apontamentos, o autor vai partilhando connosco o seu dia a dia como professor convidado da universidade de Reno, a rotina da sua família e os passeios e viagens que faz pelo estado de Nevada. E serão sobretudo esses passeios e essas viagens que o farão regressar ao passado e recordar fases da sua vida, pessoas e histórias que ficaram "enterradas" na sua infância e adolescência.
Confesso que gostei de ler este livro, mas não foi uma leitura que me arrebatou. Gostei particularmente de alguns factos que o autor nos dá a conhecer, como o facto de muitos pastores vascos terem emigrado para os Estados Unidos, sobretudo para a zona de Nevada, de algumas descrições de locais, factos históricos e costumes tipicamente norte-americanos e de como a realidade e acontecimentos pontuais do presente são um ponte de ligação com o passado, mesmo com um passado que se encontra do outro lado do Atlântico, na zona rural de um País Basco dos meados do século XX.
E como o autor passou quase um ano no país onde tudo acontece (this is America...), na sua estada não poderia faltar um violador em série, que ataca e assassina uma jovem estudante da universidade de Reno e que leva a que a polícia e população em geral se mantenham em alerta máxima! No final do livro, já num post-scriptum, o autor informa-nos quem era esse violador e que fora condenado à morte (again, we are in America!)
Não posso concluir sem referir algo que me foi arrepiando e fazendo gritar em silêncio - nos passeios que o autor faz pelo deserto e outros locais inóspitos, estão quase sempre presentes aqueles seres rastejantes que são a causa da minha maior fobia... Nem vou nomeá-los... que fiquem presos dentro das páginas do livro! E que não me atormentem nos sonhos!!!

O inverno do mundo, de Ken Follett

Sábado, 15 de junho de 2013




Sinopse
Depois do extraordinário êxito de repercussão internacional alcançado pelo primeiro livro desta trilogia, A Queda dos Gigantes, retomamos a história no ponto onde a deixámos. A segunda geração das cinco famílias cujas vidas acompanhámos no primeiro volume assume pouco a pouco o protagonismo, a par de figuras históricas e no contexto das situações reais, desde a ascensão do Terceiro Reich, através da Guerra Civil de Espanha, durante a luta feroz entre os Aliados e as potências do Eixo, o Holocausto, o começo da era atómica inaugurada em Hiroxima e Nagasáqui, até ao início da Guerra Fria. Como no volume anterior, a totalidade do quadro é-nos oferecido como um vasto fresco que evolui a um ritmo de complexidade sempre crescente.

Opinião
De volta à trilogia O século. Este livro é a continuação de A Queda dos Gigantes e, como tal, acompanhamos as famílias já apresentadas no volume I da trilogia, mais propriamente os seus descendentes durante o flagelo da Guerra Civil de Espanha, a Segunda Grande Guerra e início da Guerra Fria.
O contexto não poderia ser mais empolgante (já confessei mais de uma vez que adoro estes anos apaixonantes da História Mundial), aprendi e fiquei a saber coisas novas, mas… comparando com outras obras que se detiveram a explorar conflitos fascinantes do século XX, através de histórias de famílias fictícias que se viram envolvidas neles (El corazón helado, de Almudena Grandes, Ventos de Guerra, de Herman Wouk, No coração da Guerra, de Alice Ferney, entre outros), considero que este volume II da trilogia de Follett não possui os ingredientes necessários para me encher as medidas… O ritmo é vivo, as personagens são as que já conhecemos, ou melhor, são descendentes daquelas que já conhecemos, há notoriamente uma apurada pesquisa histórica, mas acho que é um pouco do mesmo que o autor nos ofereceu no primeiro volume - a construção das personagens segue o mesmo caminho da dos seus progenitores e continuo a sentir-me algo incomodada com o facto de voltarmos a encontrar personagens verídicas a conviverem “intimamente” com personagens fictícias, o que cria, a meu ver, situações artificiais e pouco credíveis.
Outro aspeto que também não me agradou foi o facto de Follett abusar de cenas de sexo bastante apimentadas e que, na minha opinião, são bastante “cliché” e puxam para algo mais que possa aumentar as vendas do livro…

Contudo, apesar de tudo isto, não vou deixar de comprar o terceiro volume da trilogia, pois agora que comecei quero terminá-la!

O Mundo, de Juan José Millás

Quarta-feira, 15 de maio de 2013





Sinopse
Ao princípio era o frio. Quem teve frio em pequeno, terá frio o resto da vida, porque o frio da infância não desaparece nunca.

Juan José Millás deslocou-se de Valência para Madrid com seis anos. Uma mudança que significou abandonar a luz e o calor do Mediterrâneo, para se instalar numa zona suburbana e obscura da capital, marco fundamental da sua vida. 
A rua Canillas, naqueles tempos de casas baixas e escombros, é o cenário da infância e da adolescência de Millás, um cenário que transporta o leitor para o ambiente do pós-guerra, desvendando-se os segredos, as aventuras, os desejos e as esperanças do protagonista. Um amigo condenado a morrer, O primeiro amor, Um vizinho espião, O pai e a mãe, naquela rua tudo ganha uma dimensão diferente, as coisas adquirem uma qualidade mágica.
Onde acaba a memória e começa a ficção? Esta é a realidade de um mundo, transformada em universo literário, uma autobiografia ficcionada - um livro imprescindível, belo e assombroso sobre o inevitável ofício de crescer.

Opinião
A altura não foi a melhor… Foram mais de duas semanas de sufoco, embrulhada à volta dos malditos testes… E talvez por isso acompanha-me a sensação de que não dei o devido valor e não prestei a devida atenção a este Mundo de Millás. Não estou a dizer que não gostei, pelo contrário, gostei e muito, mas algo no meu inconsciente me continua a sussurrar que as expetativas que criei foram de alguma forma goradas… Queria mais infância e menos técnica de escrita…

Perdoa-me, Juanjo, por não ter apreciado a teu Mundo como sei que deveria tê-lo feito…

A trégua, de Mario Benedetti

Sexta-feira, 26 de abril de 2013




Sinopse
Publicado em 1960, A Trégua é o mais famoso romance de Mario Benedetti e uma das obras mais importantes da literatura latino-americana contemporânea. Escrito em formato de diário e com fina ironia, o livro conta a história de Martín Santomé, um "homem maduro, de muita bondade, meio apagado, mas inteligente". Muito mais do que uma história de amor, A Trégua é um questionamento sobre a felicidade e um retrato às vezes bem-humorado, às vezes ferino, dos difíceis relacionamentos humanos, tema que é uma das especialidades de Benedetti.

Opinião
Que livro tão delicioso!!! Toca verdadeiramente no coração do leitor e, claro, no meu tocou de tal forma que me fez rir, chorar, menear a cabeça de pura compreensão… enfim, bendito o dia em que descobri Benedetti e comprei esta obra!
Trata-se de uma obra escrita em formato de diário e que nos conta a história de Martín Santomé, que tem 50 anos, ou melhor, que está prestes a completar meio século de uma existência monótona e cinzenta. Contudo, tudo mudará quando conhecer Laura Avellaneda, uma jovem discreta e tímida, contratada para ser sua subalterna. Com ela, Martín voltará a viver a vida em plena, voltará a conhecer o amor, numa luminosa trégua a uma vida até então triste e opaca.
O livro termina de uma maneira inesperada, mas, apesar de me ter feito chorar, vai ocupar um lugar especial no meu coração!
Como prova do estilo íntimo e poético de Benedetti, deixo aqui uma passagem que me comoveu muito, sobretudo pela importância que dou ao gesto de “dar a mão”:
Ela dava-me a mão e não era preciso mais nada. Bastava-me para sentir que era bem recebido. Mais do que beijá-la, mais do que deitarmo-nos juntos, mais do que qualquer outra coisa, ela dava-me a mão e isso era amor.”

Por tudo isto, não resisti a procurar mais sobre outras obras de Benedetti e encontrei uma que tenho que comprar – La borra del café. Parece não haver tradução para português, mas não importa, compro-a em espanhol J

A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe

Domingo, 14 de abril de 2013




Sinopse
Esta é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo. A máquina de fazer espanhóis é uma aventura irónica, trágica e divertida, pela madura idade, que será uma maturidade diferente, um estádio de conhecimento outro no qual o indivíduo se repensa para reincidir ou mudar. O que mudará na vida de antónio silva, com oitenta e quatro anos, no dia em que violentamente o seu mundo se transforma?

Opinião
ADOREI ler A máquina de fazer espanhóis!!!
O seu primeiro capítulo apresenta-nos António Silva, um homem de 84 anos, que perde inesperadamente o amor da sua vida, com quem esteve casado 48 anos, e se vê “enfiado” num lar de terceira idade que ironicamente se chama “Feliz Idade”. Apesar de a princípio acreditar que não lhe resta mais nada na vida a não ser esperar pela morte, António começa de novo a dar algum valor aos seus dias especialmente com as amizades que desenvolve com os seus companheiros do “Feliz Idade” – o silva “da europa”, o anísio, o medeiros e o esteves “sem metafísica” (supostamente o mesmo que protagoniza o poema A Tabacaria do heterónimo Álvaro de Campos.
É um livro maravilhosamente bem escrito, recheado de momentos trágicos, tristes, alegres, divertidos e que nos mostra, através da vida de António Silva, a banalidade das nossas vidas e o quanto a velhice pode e é muitas vezes encarada como um empecilho, o princípio da noite sem fim e não o fim de um produtivo dia.
Valter Hugo também aproveita para usar o presente e o passado da vida de António como exemplo do trajeto do nosso país nos últimos anos, da mentalidade do portuguesinho que continua agarrado a um passado salazarista, a mesquinhices e beatices e a queixar-se do presente e a pouco ou nada fazer para alterá-lo…

Por tudo isto, esta obra é tão boa que só posso recomendá-la!

Os Cinco, de Enid Blyton (vols. XVIII - XXI)

27 de março a 06 de abril de 2013




Volume XVIII – Os Cinco na quinta Finniston
Este volume relata a aventura de Os Cinco na Quinta Finniston, onde séculos antes se erguia um castelo posteriormente destruído por um incêndio. No entanto, este incêndio não conseguiu destruir as caves e a as passagens subterrâneas e é nelas que os Cinco e os seus novos amigos – os gémeos Henriques, o seu cão Besnico e a gralha Abelhuda – vão descobrir um tesouro de valor incalculável que salvará a quinta da ruína.




Volume XIX – Os Cinco nos Rochedos do Demónio
Os Cinco vão passar uns dias de férias a um farol, nos Rochedos do Demónio. A acompanhá-los vai o dono do farol, um miúdo que é filho de um cientista amigo do tio Alberto e que tem a mania de imitar e de se fazer passar por qualquer veículo com rodas – carros, motas, bicicletas… Por esta razão, todos lhe chamam Buzina.
Assim, os Cinco, o Buzina e o seu animal de estimação, o macaquinho Diabrete, alojam-se no farol e não conseguem evitar envolver-se numa aventura relacionada com um tesouro fabuloso que, no passado, “os afundadores” haviam escondido num túnel junto ao mar e com ligações ao farol.



Volume XX – Os Cinco na Ilha dos Murmúrios
De férias numa bela casinha de montanha, os Cinco fazem companhia a um rapazinho chamado Alfredo que tem o dom de ganhar a confiança de qualquer animal. Dessa casinha, eles têm uma vista maravilhosa do porto e de uma ilha misteriosa a que todos chamam de Ilha dos Murmúrios… Que aventura lhes reservará?





Volume XXI – Os Cinco e a Torre do Sábio
O último volume desta intemporal coleção junta de novo os Cinco, o Buzina e o seu irrequieto Diabrete em casa destes últimos. Poucos dias depois, têm uma agradável surpresa de ver que no terreno ao lado acampa uma companhia de circo. Contudo, coincidindo com a chegada dos circenses, acontece o roubo de papéis valiosos das últimas investigações científicas do pai do Buzina.
Está assim criado um mistério à medida d’Os Cinco, que tudo farão para resolvê-lo e desmascarar o enigmático mágico do circo.


E já está! Li toda a coleção de Os Cinco e há que dizer que foi delicioso voltar a ter nas minhas mãos estes livrinhos que têm um lugar TÃO ESPECIAL na minha vida!

Não pretendo parar por aqui – o meu objetivo é completar as coleções de Os Sete, O Mistério, Patrícia, ou seja, indo a alfarrabistas, a feiras de velharias, comprando via Internet os volumes que me faltam e, claro, lê-los todinhos J




O Prisioneiro do Céu, de Carlos Ruiz Zafón

Terça-feira, 26 de março de 2013



Sinopse
Barcelona, 1957. Daniel Sempere e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está a crescer dentro de si.
Transbordante de intriga e de emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance magistral, que o vai emocionar como da primeira vez, onde os fios de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergem através do feitiço da literatura e nos conduzem ao enigma que se esconde no coração de o Cemitério dos Livros Esquecidos.

Opinião
Em cinco dias devorei O Prisioneiro do Céu e como gostei, como adorei voltar ao mundo de o Cemitério dos Livros Esquecidos, da livraria Sempere, da cidade mágica de Barcelona e das personagens que me arrebataram aquando da leitura de A Sombra do Vento! É inquestionavelmente um livro maravilhoso, que nos prende da primeira à última página, que nos deixa quase como enfeitiçados, pois a ânsia de saber mais, de absorver o conteúdo de página atrás de página não nos larga e só substituída pelo prazer que nos invade ao fechar o livro, depois de concluirmos a leitura. Mas é um prazer agridoce, já que a narrativa, as personagens, os espaços, os avanços e recuos no tempo estão de tal forma maravilhosamente interligados que eu queria mais...
Já disse várias vezes em conversas que não gostei muito da segunda obra desta trilogia/tetralogia - O Jogo do Anjo - porque mexe com minha parte de pouco crédula (o escritor que faz um pacto com um editor misterioso e que parece encarnar a morte...) e, como tal, estava com algumas dúvidas em relação a O Prisioneiro do Céu... Mas ainda bem que as dúvidas foram rapidamente postas de parte, porque gostei tanto deste livro que estou cheia de vontade de reler A Sombra do Vento!!!
Como é que uma "livrólica" pode resistir a um romance que nos conduz aos labirintos de um cemitério de livros esquecidos e nos apresenta uma livraria de livros antigos e raros, gerida por alguém que viveu toda a sua vida rodeado desses livros?...

Recomendadíssimo!!!

Os Cinco, de Enid Blyton (vols. XIV - XVII)

04 a 20 de março de 2013





Volume XIV – Os Cinco e os raptores
Mais um volume que anda à volta do valiosíssimo trabalho do pai da Zé e de um seu colega americano. Este recebe ameaças de que irão raptar a sua filha se não entregar o segredo das suas investigações. Perante isto, envia às escondidas Berta, a sua filha, para Casal Kirrin, mas os raptores descobrem e acabam por raptar não a Berta, mas a Zé, por engano. Aí, os outros entram em ação e contam novamente com a ajuda da ciganita João e de um amiguito seu, o Remoinho.



Volume XV – Os Cinco na casa em ruínas
Neste 15º volume, tudo começa com Tim a usar uma coleira de cartão para não poder coçar uma ferida que tem numa orelha. Para que o seu cão nãos seja gozado por toda a gente, a Zé decide ir acampar para junto de uma casa em ruínas. Será lá, na companhia de seus primos e de dois gémeos que se comportam de uma forma muito estranha, que vai viver uma aventura empolgante que envolve ruínas e subterrâneos que levam à descoberta de segredos científicos roubados.


Volume XVI – Os Cinco e os aviadores
Os Cinco vão acampar perto da quinta de um amigo de David e Júlio – Mário Thomas – e de um aeródromo de aviões experimentais. Esta aventura estará relacionada com o roubo de dois desses aviões, do rapto dos seus aviadores e envolverá uma quinta de borboletas e um porquinho que terá um papel importante na resolução de tudo!






Volume XVII – Os Cinco nas montanhas de Gales

Esta aventura desenrola-se durante as férias de Natal e no País de Gales, para onde vão os “nossos amigos” para restabelecer-se de uma valente constipação. Ficam alojados numa linda cabana nas montanhas e nem a abundante neve os impede de viver um novo mistério que gira à volta de um metal poderoso que se encontra nas “entranhas” da montanha.

O último dia de um amor eterno, de Francisco Goldman

Segunda-feira, 04 de março de 2013





Sinopse
Francisco Goldman era um homem sem sorte no amor e avesso a compromissos: a escrita bastava-lhe para viver. Até conhecer Aura Estrada, uma belíssima mulher e brilhante estudante de literatura.
A paixão de Aura pela vida e pela literatura preencheram o vazio existente na vida de Francisco. Casaram no Verão de 2005, no México.
O arrebatamento com que ambos encaravam a vida e o gosto pelo inesperado faziam prever uma longa vida juntos. Mas, em 2007, a dois meses de completarem dois anos de casados, Aura morre de forma trágica.
Sentindo-se responsável pela morte da mulher e profundamente ferido pela sua perda, Francisco entra numa espiral autodestrutiva. Porém, depois de ter chegado a equacionar pôr fim à sua própria vida, percebeu que o mais importante seria honrar e perpetuar a memória de Aura.
O último dia de um amor eterno é a homenagem prestada à mulher amada, à brilhante estudante e escritora, a uma vida cheia de amor e partilha.
Entre a ficção e a realidade, Goldman recupera tudo o que o uniu a Aura, revisitando-a, descobrindo-a, mesmo depois da sua morte, num relato por vezes duro, por vezes triste, mas também divertido.
O último dia de um amor eterno é, acima de tudo, um tributo e uma expiação da dor que surge quando se perde a amor de uma vida.

Opinião
Não é um livro fácil de ler. Suponho que não deve ser mesmo nada fácil escrever sobre a morte de alguém que preenche por completo a nossa vida… E também não foi, como disse, uma tarefa fácil ler estas memórias que Francisco vai pondo em papel sobre o que foram os momentos que desfrutou ao lado de Aura e aqueles que, tragicamente, teve e tem que viver sem a ter junto a si…

Doloroso, contido, comovente, muitíssimo bem escrito, mas que não quero reler tão cedo – o tema carrega demasiada dor e perda…

Os Cinco, de Enid Blyton (vols. X - XIII)

08 a 16 de fevereiro de 2013






De volta ao mundo juvenil e de aventuras dos Famosos Cinco J

Volume X – Os Cinco no Lago Negro
Neste volume, encontramos os nossos heróis a gozar uns dias de interrupção letiva num passeio a pé pelo campo. Nada leva a crer que irão conseguir “arranjar tempo” para uma aventura, mas uma intrigante mensagem ouvida “por engano” por David leva os Cinco ao Lago Negro e será lá que irão viver uma empolgante aventura relacionada com um roubo de joias valiosas, há muito resolver pela polícia.
Adoro a capa deste volume e não posso deixar de dizer que me lembrava do nome curioso – “Joana vaidosa” – de um barco que tem um papel fundamental nesta narrativa!


Volume XI – Os Cinco no castelo da Bela-Vista
Esta nova aventura passa-se nas férias da Páscoa e desenrola-se junto ao castelo da Bela-Vista, onde os Cinco se encontram a desfrutar dumas “roulottes” e da companhia de uns saltimbancos que, a princípio, não se mostram nada simpáticos. Contudo, com a chegada surpresa da ciganita João (que conhecemos no volume IX), a animosidade dos saltimbancos desaparece e até ajudam os Cinco a resolver o rapto de dois cientistas famosos.
Gostei muito deste volume, apesar de um dos saltimbancos ter duas gigantescas “snakes”!!! Claro que me recordei delas quando comecei a reler este livro!...



Volume XII – Os Cinco na Torre do Farol
Os Cinco viajam para a zona da Cornualha. Hospedados numa quinta local, Zé e os primos travam conhecimento com Jano e o seu avô, que lhes conta que o farol em ruínas continua a ser misteriosamente utilizado nas noites de tempestade. Será com a chegada dos Barnies, artistas ambulantes, que os Cinco desvendarão o mistério.




Volume XIII – Os Cinco na Planície Misteriosa
Desta vez, os Cinco vão passar alguns dias das suas férias numa escola de equitação que se situa perto da Planície Misteriosa. A aventura que irão ter vai dividir-se entre estes dois espaços e vai envolver um grupo de ciganos que se dedica a negócios pouco claros com dólares falsos.
Será com a ajuda de um ciganito – “Fungão” – e de dois colegas da escola de equitação – Tony (uma “Maria Rapaz” como a Zé) e Guilherme – que os nossos amigos vão desvendar mais este mistério!


Agora que já li mais 4 volumes desta coleção, vou retornar aos livros adultos e ler um que me ofereceram no Natal!

Milagrário pessoal, de José Eduardo Agualusa

Quinta-feira, 07 de fevereiro de 2013




Sinopse
Iara, jovem linguista portuguesa, faz uma incrível descoberta: alguém, ou alguma coisa, está a subverter a nossa língua, a nível global, de forma insidiosa, porém avassaladora e irremediável. Maravilhada, perplexa e assustada, a jovem procura a ajuda de um professor, um velho anarquista angolano, com um passado sombrio, e os dois partem em busca de uma coleção de misteriosas palavras, que, a acreditar num documento do século XVII, teriam sido roubadas à "língua dos pássaros". Milagrário Pessoal é um romance de amor e, ao mesmo tempo, uma viagem através da história da língua portuguesa, das suas origens à atualidade, percorrendo os diferentes territórios aos quais a mesma se vem afeiçoando.

Opinião
Estou oficialmente, de corpo e alma, rendida à escrita de Agualusa! Adorei este romance, a forma como o narrador, um velho anarquista angolano, fala com paixão da nossa língua, da evolução que ela sofre todos os dias, dos livros, e nos dá a conhecer momentos da História de Angola, do Brasil e da vida de ilustres como Camilo Castelo Branco ou de personagens anónimas, fictícias, mas emocionantes e que deixaram rendida! AMEI!
Considero que o que mais me fascinou neste pequeno romance foi o facto de centrar a sua narrativa na história e na evolução que a nossa belíssima língua tem vindo a sofrer todos os dias, desde que se formou como tal. Como fervorosa defensora da nossa língua materna e entusiasta de aprender mais sobre ela, não poderia deixar passar ao lado esta obra (como é que a deixei “intacta” tanto tempo na estante?!), porque o seu apelo, as suas palavras, variadíssimas passagens que assinalei são fantásticos e deixam-me ainda mais orgulhosa de ser portuguesa e falante desta extraordinária língua!

Transcrevo aqui algumas dessas passagens que sublinhei:

Assim como criamos as línguas, também as línguas nos criam a nós. Mesmo que não o façamos de forma deliberada, todos tendemos a selecionar palavras que utilizamos com maior frequência, e esse uso forma-nos ou deforma-nos, no corpo e no espírito.”

“(...) não custa atribuir a obstinada melancolia dos portugueses ao uso desregrado da palavra saudade, no fado, na poesia, no discurso dos filósofos e dos políticos. Seria interessante estudar o quanto o culto à saudade contrariou, vem contrariando, o esforço para desenvolver Portugal. Já a famosa arrogância e optimismo dos angolanos poderia dever-se à insistência em termos como bué («Angola kuia bué!»), futuro, esperança ou vitória. No que respeita à alegria dos brasileiros, poderíamos talvez imputá-la a duas ou três palavras fortes que acompanham desde há muito a construção e o crescimento do país: mulato/mulata, bunda, carnaval.”

“Esta noite sonhei com um verso de Sophia. Sonhei que o tinha escrito eu. Fiquei tão feliz que continuei a sorrir mesmo depois de acordar. “O senhor professor parece que viu Deus em toda a sua glória”, disse-me Gina enquanto me servia o café. Ter sido Sophia durante alguns segundos não anda muito longe, parece-me, da glória de ver Deus.”


“Aprendi há muito tempo que uma mulher bonita não se distingue de uma bomba – no meu tempo, aliás, eram sinónimos – a não ser pela natureza do impacto.”

Alfarrabistas e pechinchas

Sábado, 12 de janeiro de 2013 + segunda-feira, 21 de janeiro de 2013





Hoje “me he ido de compras” e fiz uma descoberta MARAVILHOSA!!! A minha “mami”, que foi comigo, levou-me a um alfarrabista em Gaia que vende livros novos baratinhos, incluindo as novidades recém-saídas! Para além dessas, tem muitas pechinchas a dois, seis ou dez euros! Fiquei logo “doida” e só não comprei nada porque estava fechado!... Mas já prometi a mim mesma que regressarei o mais breve possível, nem que seja para comprar um livro para dar ao afilhado mais velho no seu aniversário!
(…)
Cumpri a promessa!!! Hoje à tarde fui a Gaia àquele alfarrabista das pechinchas e AMEI!!! Fui lá com o intuito de comprar “un regalito” para o afilhado mais velho e uma obra de Domingos Amaral (baratucha J) para os meus sogros darem ao N. e obviamente “cuscar” o máximo que pudesse!
O dono foi muito simpático e deixou-me “mexer” em tudo! Infelizmente não tinha muito tempo disponível, mas o que vi deixou-me deliciada – há lá “velharias” MUITO apetecíveis e que merecem uma nova visita, desta vez com mais tempo!
Saí do alfarrabista com um sorriso estampado no rosto e com uma decisão tomada – já que estava ao lado de “El Corte Inglés”, não ia desperdiçar a oportunidade e ia comprar, de uma vez por todas, Inés y la Alegría, de Almudena Grandes. Assim o fiz e ainda aproveitei para comprar outro “regalito” para o N. – um livro (do género de que ele gosta) por três euros!

Que tarde literária proveitosa J

Os Cinco, de Enid Blyton (vols. VI - IX)

21 de janeiro a 01 de fevereiro de 2013





Volume VI - Os Cinco salvaram o tio
Nestas férias da Páscoa, os Cinco veem-se impedidos de desfrutar da ilha Kirrin, pois o pai da Zé se encontra lá a trabalhar num projeto misterioso, altamente secreto e não quer ser, de maneira alguma, incomodado com as brincadeiras de quatro jovens e um cão barulhento.
Contudo, o secretismo desse projeto é um chamariz para espiões que ameaçarão não só o trabalho do tio Alberto como a sua própria vida e serão os famosos Cinco que o irão salvar!





Volume VII - Os Cinco e o comboio fantasma
A ação deste volume passa-se nas férias de verão e os Cinco vão desfrutá-las acampando quase sozinhos, apenas na companhia do Sr. Luffy, um professor apaixonado pelo mundo dos insetos e divertidamente distraído J. Acampam numa charneca isolada e aí veem-se envolvidos num mistério com "comboios fantasma" mas que afinal são bem reais e uma parte importante de um plano de contrabando.






Volume VIII - Os Cinco na casa do mocho
Os Cinco vão novamente acampar (agora sozinhos) e, numa das paragens que fazem, conhecem Ricardo, filho de um milionário que tem alguns inimigos. Tudo se complica quando Davi é raptado por engano, em vez de Ricardo. Os outros tentam salvá-lo, mas acabam prisioneiros na Casa do Mocho.
No fim, Ricardo redime--se da cobardia que demonstrara antes e acaba por conseguir que todos sejam salvos e a polícia prenda os raptores.
Chamo a atenção para algo que me havia escapado quando era adolescente. A capa deste volume está trocada com a do volume XVII J

Volume IX - Os Cinco e a Ciganita
Esta nova aventura gira novamente à volta do valioso trabalho de cientista do tio Alberto. Desta vez, é um homem chamado Torre Vermelha que tudo faz para apoderar-se dos valiosos apontamentos do pai da Zé, chegando inclusive a raptá-la e ao Tim. Será com a ajuda de uma ciganita andrajosa, chamada João e muito parecida com a Zé, que os Cinco levarão a bom termo esta aventura.
Este é um dos volumes de que sempre gostei muito, sobretudo por causa da personagem da ciganita J


Apesar de ter planeado ler a coleção d' Os Cinco de uma assentada, acho que estou a precisar de uma pausa, de regressar ao mundo dos livros de adultos!... Sendo assim, vou pôr de lado a renitência que sempre senti em relação às obras de José Eduardo Agualusa e ler um dos seus romances, mais especificamente um que o H. deu ao gémeo pelo seu aniversário do ano passado (isto é que é uma reviravolta na minha ordem cronológica de ler os livros J)